domingo, 22 de fevereiro de 2015

Los Roques

Há 3 anos regressei de uma linda temporada na Venezuela, que terminou com uma semana acampando em Los Roques. Los Roques é um arquipélago e Parque Nacional Venezuelano no mar do Caribe com 221 hectares de dimensão e onde trabalham 12 funcionários do INPArques.



Fui até a agência da LTA (Aereotuy), empresa aérea, para comprar a passagem em dinheiro. Por conta do cambio paralelo, o preço sairia pela metade do que seu eu pagasse por cartão.

Nesse momento gastei todo o meu dinheiro e me sobrou pouco para o resto da temporada. Nenhuma condição financeira ou interesse de me hospedar nas pousadas em Gran Roque. Então comprei uma barraca Nautika em Caracas um dia antes de voar, e decidi acampar.
Comprei também comida e um galão de 5 litros de água. O avião é pequeno, e o limite de peso é bastante baixo.

Foi uma bela aventura. Siga lendo!





TRANSPORTE
A chegada ao arquipélago é feita por avião ou barco.
LTA Aereotuy é a empresa aérea mais conhecida.
Não há barcos regulares de Caracas para lá. Conheci histórias de gente que tenta carona com as lanchas e iates até o arquipélago, mas eu não recomendo a mulheres.

Transporte no arquipélago
No arquipélago, o transporte entre as ilhas é feito pela Cooperativa de Lancheros. Os preços são tabelados e sem grandes negociações, é só chegar no porto e esperar o barco que fará o seu roteiro sair.

Custo de passeios
Francisqui - 40 Bs. (80 ida e volta)
Cayo Agua (parando em Crasqui) - 160 Bs.

INGRESSO NO PARQUE

Logo ao desembarcar, é preciso parar uma taxa de entrada ao parque. Em 2012, ela era de  Bs.76.00 para venezuelanos e 152 para estrangeiros.


HOSPEDAGEM
Quase todas as pessoas que visitam o arquipélago se hospedam nas pousadas de Gran Roque, e saem pelas manhãs com o barco para passeio.
Se você quer benefícios e malefícios da vida urbana no meio de um paraíso natural, faça isso.
Gran Roque conta com geradores elétricos, uma usina de desalinização da água do mar, então você poderá dormir ao som e temperatura de ar condicionado, lavar seus cabelos e pele com água não salgada, além de contar com alguns pequenos comércios e a vila do local. A maioria das pousadas é de italianos.

Mas se o seu objetivo for realmente vivenciar o parque, saia de Gran Roque. Em algumas ilhas há pequenas pousadas bem simples, mas há opção econômica é acampar.

O acampamento selvagem é permitido em diversas ilhas do arquipélago por um prazo máximo de 8 dias. É preciso obter uma autorização na sede do Parque na Ilha de Gran Roque antes de montar sua barraca. Ela não tem nenhum custo adicional.
Minha autorização de acampamento emitida no dia em que cheguei

No entanto, há diversas regras, e dentre elas, é proibido fazer fogueira de qualquer tipo. Dentro os motivos, é não escurecer a areia branca.

Muitas pessoas acampam mesmo em Gran Roque, mas eu não recomendo: a cidade é suja, há cachorros, há apenas o perrengue, sem a beleza do despertar tranquilo em uma praia do Caribe.

Sobre acampamento selvagem em Los Roques
Em todos os lugares que acampei, recebi ajuda. É tão incomum uma mulher acampando sozinha ali, que as pessoas que trabalham em restaurantes me ofereceram comida e bebida todos os dias.
No segundo posto, trabalhava como garçonete junto aos gringos do meio-dia as 14h00, e em troca podia almoçar e jantar lá com eles. Acabei nem usando toda a comida que levei. 
E o banho de mar todos os dias é lindo, e faz bem pra pele e pro cabelo.



Sobre a natureza ao acampar
Muita atenção a um matinho que cresce por lá. É uma espécie de tiririca, mas as sementes espetam duro o pé quando pisadas. É uma das únicas plantas que nascem na areia, então quase sempre onde há verde, é ela. Não é venenoso, mas é difícil de tirar, e pode inflamar.

Não há bichos perigosos para se preocupar.
Alguns lagartos pretos (Guaripetes) atacam sua comida durante o dia se você deixá-la desprotegida, o vento inibe a  ação de pernilongos pela noite, e os caranguejos trabalham como biodigestor com as fezes.

As únicas serpentes existentes são marinhas, então ao caminhar não há com o quê se preocupar. 

Águas vivas estão presentes no mar de abril a maio.

As Ilhas (de acordo com meu guia do primeiro dia)
  • Crasqui - Rancherias de pescadores
  • Noronquises - Nada, é bom pra fazer snorkel
  • Cayo Pirata - Pescadores
  • Madeisqui - Casas privadas que o governo quer explorar
  • Francisquices - Estrutura média, com restaurantes e uma piscina natural
  • Abajo
  • Cayo de água - poços de água doce
  • Dos Mosquises - Estação de Biologia Marinha onde trabalham com tartarugas (como o TAMAR no Brasil)


ZONEAMENTO
Há um zoneamento do parque restrigindo o acesso e o uso de outras áreas.
A Zona de Proteção Integral é uma zona de manguezais, que são viveiros naturais.
A Zona Primitiva Marinha requer prévio autorização.

Mas na prática, deve haver pouca fiscalização.
O que mais vi foram lanchas européias descarregando o lixo nas ilhas mais afastadas de Gran Roque. Em troca, deixam um pouco de água para os moradores em troca desse silêncio. 

AMEAÇA À FAUNA
Botuto é um molusco (caramujo) gigante cujo consumo é absolutamente não autorizado mas o que mais ouvi foi das peripécias das pessoas com mais poder para consumi-lo por ali.
Os grandes cemitérios de conchas abandonados em certas praias são gritantes. 

Também não se pode comer tartaruga. Nem ela, nem os seus ovos.

Lagosta, no entanto, tem a pesca autorizada em alguns períodos do ano. A pesagem é feita de terça e quinta en Cayo Pirata (há um controle nas cotas). 94% da lagosta produzida na Venezuela é de Los Roques. Em 2011, foram 17 Toneladas produzidas de maneira legal (fora a pesca ilegal). 

A pesca de alastre está proibida desde 1995. Há também um limite no número de pescadores autorizados. 


ATIVIDADES
Muitas pessoas visitam Los Roques para mergulhar.
Há muitas empresas fornecendo os passeios, e também é possível apenas alugar snorkel e pés de pato para os menos treinados. Não é caro, e há barracas e pousadas que alugam na Ilha de Gran Roque.

Fora isso, caminhar pelas areias, curtir um sol, e ver o azul do mar com a areia branca.


Sobre o acesso a serviços na ilha e no arquipélago
A ilha conta com uma planta desalinizadora, uma termelétrica e coleta de lixo.
O único serviço pago diretamente em relação ao seu consumo é a eletricidade. As pousadas pagam muitos outros impostos ("derecho de frente", concessão mensal, água e luz).

Já nas outras ilhas, o lixo gerado tem que ser transportado até Gran Roque por barcos.
Fora o lixo abandonado por embarcações de luxo, o lixo gerado pelos habitantes muitas vezes é queimado (apesar da fogueira ser proibida).


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